UM CASO
ILUSTRATIVO DE CURA DE GAGUEIRA ( TARTAMUDEZ OU DISFEMIA)
DNV
procurou-me para livrar-se de uma gagueira que o expunha a profundo
constrangimento, principalmente por se tratar de um adolescente de 15 anos.
Falava comigo bastante tenso e de cabeça baixa. Revelou com dificuldade que
durante a infância, como também agora no início da adolescência sofria longo
processo de repressão por parte da mãe. Esta o proibia rigorosamente de
conviver com as outras crianças da sua idade
Concluímos juntos e com facilidade que sua gagueira e seu
consequente sentimento de inferioridade
vinha deste prolongado processo de repressão. Revelou-me que ficava horas atrás
das grades da janela de sua casa vendo as crianças de sua idade jogando futebol
livremente na rua. Morava num bairro pobre. A mãe não queria ele misturado com
aqueles meninos vadios.
Hoje com 15
anos e mais de 1,80m de altura, encontra-se estático e isolado diante dos
colegas, e o pior gaguejando ao tentar falar. No final desta longa conversação
reveladora, levei-o a uma expansão da mente visando solturas de emoções
reprimidas. Este processo aconteceu de uma forma vasta e forte. Voltou aqueles
momentos atrás das grades da janela sentindo a presença da mãe como uma força
impedidora.
Após o
retorno ao estado natural, ainda gaguejando porém descontraído, estava aéreo
procurando entender o ambiente em que se encontrava, com a cabeça doendo e
tonto. Confirmadas nossas previsões, orientei-o para que procurasse caminhar
pela praia e se possível correr um pouco, a fim de facilitar atitudes
descontraídas. Neste nosso primeiro encontro falou muito em seu grande desejo
de ser aviador.
No segundo
atendimento, 15 dias após o primeiro, DNV apresentou-se bem diferente. Estava
descontraído e bem energizado, postura altiva e olhar firme. Demonstrava uma
segurança pessoal que em nada lembrava sua apresentação anterior. Destacou as
mudanças que amigos e familiares estavam percebendo nele. Falava descontraído e
gaguejando menos. Começou a apresentar uma necessidade forte de me solicitar
orientações. Entrava em detalhes numa ânsia incontida de superar-se. Tinha
seguido meus conselhos de ir à praia e levar sol.
Nos
seguintes e últimos três atendimentos levei-o a expansões mentais que revelaram
liberações de traumas que complementaram aspectos ligados à plenitude do seu
falar e do seu viver. Concluí que sua gagueira e sentimentos de inferioridade
tinham a ver também com esses traumas de vidas anteriores.
No sexto e
último atendimento estava em clima de plena autonomia pessoal sem nenhum sinal
de gagueira. Nestas regressões à vidas passadas reviveu desastre de aviação e
casos de traição pela esposa.
Sua frase
para uma efetiva evolução foi: “Sei com quem eu falo, como falo e o que vou
falar, sempre calmo e com cautela”. Disse que iria pregar essa frase no móvel
do seu quarto. Com ares de um adulto livre e forte, me comunicou que está
fazendo parte de um time de rúgbi cujos componentes têm acima de 20 anos. Vejo
neste último fato, toda uma retomada magistral daqueles tempos de criança em que
reprimia toda uma ânsia de jogar bola com os garotos de sua idade.