quinta-feira, 27 de novembro de 2014

REFLEXÕES SOBRE O FENÔMENO DE QUASE MORTE (EQM)


                Muito se tem falado ultimamente sobre o fenômeno de quase morte (EQM). Pessoas que chegam bem perto da morte e que retornam a um estado saudável de vida, passam por transformações profundas em seus valores e atitudes.
Como psicoterapeuta que considera em sua prática profissional as dimensões extrafísicas do ser humano, incluindo as possíveis encarnações anteriores e perspectivas futuras de um pós-morte, o fenômeno EQM muito me interessa. Eu mesmo já passei por tais momentos de Quase Morte, quando há uns trinta anos atrás fui acometido de Febre Tifoide, que por ausência de tratamento específico durante cerca de 12 dias, quase me levou à morte. Fiquei muito debilitado e, nessas circunstâncias, tive praticamente a certeza de que iria morrer. A certa altura entrei num curioso estado de aceitação suave e tranquila da morte. Cheguei a, nitidamente, assistir àquele filme rápido de uma sequência de fatos da minha vida, de que contam todos aqueles que vivem o limiar da morte.
Tudo isto veio a mim agora por estar lendo o livro “Lições da luz: o que podemos aprender com as experiências de proximidade da morte” (São Paulo, Sumos, 2001)  na casa do meu filho Paulo Alexandre, neste maravilhoso clima da Chapada da Borborema, na bela e acolhedora Campina Grande.
Os autores Kenneth Ring e Evelyn Valarino descrevem de forma lúcida todos os detalhes deste fenômeno, destacando principalmente as mudanças para melhor no modo de viver das pessoas que passaram por este estado. A intensão destes autores é levar para aqueles que não passaram pela EQM o benefício da experiência sem a necessidade de passar pelo trauma que normalmente a provoca.
Para finalizar essas reflexões e com o intuito de contribuir com aqueles leitores mais interessados no assunto, passo a citar trechos do “Lições da luz”, onde os autores utilizam a experiência de Craig (nome fictício), um dos alunos do Professor K. Ring.
“A experiência de Craig ocorreu num dia de verão, como consequência de “rafting” no qual ele quase se afogou [...]. Para nós o mais importante é o conhecimento que Craig recebeu durante a sua EQM e a maneira como ela afetou a sua vida. E se desejarmos internalizar essas lições para nós mesmos, talvez seja útil resumir algumas das mais importantes. Assim, é isso o que Craig – o qual como veremos, fala em nome de tantas outras pessoas – parece ter trazido consigo dessa experiência:  
1.       Não há nada a temer com relação à morte.
2.       A morte é tranquila e bela.
3.       A vida não começa com o nascimento, nem termina com a morte.
4.       A vida é preciosa – viva-a plenamente.
5.       O corpo e os sentidos são dons extraordinários – valorize-os.
6.       O que mais importa na vida é o amor.
7.       Viver uma vida voltada aos bens materiais significa não compreender a sua importância.
8.       A colaboração, e não a competição, é o que contribui para um mundo melhor.
9.       Ser um grande sucesso na vida não é tudo isso o que dizem.
10.   Buscar o conhecimento é importante – ele vai com você.
Muitas dessas afirmações podem parecer obvias – e talvez você esteja pensando cinicamente: “é de fato necessário quase morrer para aprender esses clichês?” É claro que não – essa é toda a premissa deste livro – mas, a EQM transforma essas proposições de clichês, nos quais acreditamos da boca para fora, em verdades reais.” (RING E VALARINO, p. 46)