Antes de ontem, quinta
feira 24 de outubro, graças a singular
convite do colega e amigo irmão João Pedro estive presente num encontro de
apoio vitalizante, digamos assim, ao grande cineasta recifense e profundo
conhecedor de cinema, nosso amigo Fernando Spencer. Fernando Spencer está com
86 anos; encontra-se um tanto alquebrado não apenas pela idade e pelo
falecimento recente de sua esposa Inês, mas como ele sempre repete, pela
solidão. Por estar muito só, longe daquele clima de intensa atividade que
marcou toda sua vida, entre outras coisas, seus longos dias e longas noites de cronista
do Diário de Pernambuco.
João Pedro, vizinho de
Fernando no tradicional e poético bairro recifense de Casa Forte, junto com
outros vizinhos e alguns amigos e
respeitosos admiradores se juntaram e fizeram acontecer uma dessas coisas
divinas que a gente não sabe com que tamanho sentido de solidariedade amor e
compaixão o universo com seu poder de permanência nos faz participa,
transmudando-nos de repente sem que
sintamos a profundidade, em atores de peças sem ensaio suavemente maravilhosas
de representações da vida. Foi o que nos aconteceu nesta última quinta feira.
Coisas estranhas surgem nessas montagens magníficas do poder universal em seu
constante evoluir.
Pouca gente, espaço
singelo, talvez umas vinte pessoas. Presença não apenas de gente madura, mas
também de alguns jovens interessados em cinema e bons conhecedores da obra de
Fernando Spencer, como também alguns jornalistas. Não sei como, num clima de
vibrações suaves, todos se juntaram neste abraço indescritível. Creio que cada
um de nós, pessoalmente e em uma unidade afetuosa, formamos um polo único e infinito de fontes de
energias revigorantes centradas num ato
de solidariedade a um grande amigo.