Este caso encontra-se em fase de renovadas práticas de autonomia e auto-estima. Seu rápido sentido de cura e retomada de uma vida promissora me leva a colocá-lo nestas anotações.
EB 33 anos, advogado. Obeso. Na casa dos pais sente-se sem valor. No âmbito social e profissional tem elevado prestígio. Está no quinto atendimento - 08 de agosto de 2011. Na infância e adolescência sofreu fortes repressões por parte do pai. Encontra-se envolvido por um medo generalizado e por uma forte confusão de valores em torno de si mesmo. Para melhor acompanhamento, seguem palavras livres e espontâneas de EB em seu primeiro atendimento:
“O medo está tomando conta de minha vida. Medo de viver, de morrer, de altura, de insucesso. Uma angústia, uma ansiedade. Meu pai criou uma revolta interna. Sofreu muito em criança. Ele oscila muito. Dez anos de exército; Trouxe isso pra dentro de casa e machuca muito. Minha mãe chegou a ir para o psiquiatra porque ele foi duro demais. Eu vejo aceitação de rua e não vejo uma aceitação em casa de pais e irmãos. Os elogios que recebo na rua são como se não tivessem sentido dentro de casa. Eu não devo ter valor. Esses amigos estão enganados. Eles não sabem dos meus desvalores. Eu sempre tive medo de perder a noção da situação. Tenho tiques nervosos, demonstro muita falta de segurança e tenho consciência disso, e então quando vou me deitar tomo um rivotril e vou dormir. Acho até que devia ter nascido em outros tempos, bem antes ou bem depois. Bebo nos fins de semana para me descontrair. Como três vezes mais do que preciso. Estou com 140 quilos. Você vai se anulando e vai se afastando dos amigos. O único progresso que eu fiz em minha vida foi o bom uso do dinheiro. O que me aflige hoje é a ansiedade e o medo. A aceitação para mim Dr. Paulo, é como se ela fosse uma força. Se eu não for aceito em casa, não posso ser aceito na rua. Agora meu pai está me aceitando mais; ele fez questão de pagar esses atendimentos; e como ele nunca fez isso e agora está confiando, até me desconcerta. Se a gente continuar conversando, acho que tudo vem do meu pai. Toda perturbação”. Observação: A partir deste ponto, EB passa a revelar grande lucidez do seu processo e eu percebo nele grande potencialidade superativa. Passa a revelar forte ausência do pai em momentos difíceis.” Minha mãe sempre muito omissa. Eu vejo essa patologia claramente. Eu já tenho a clareza de que está incomodando a mim e a minha vida em si, porque hoje eu me sinto muito anulado. Muito angustiado. Esse medo, esses problemas de minha cabeça me impedem de progredir. Me sinto bem quando estou passeando. Tudo passa. Não exito em ir para uma praia; largar tudo em questão de minuto. Eu faço isso e não quero aprovação de ninguém. Se estou fazendo alguma atividade que me traga estresse eu largo na hora, mesmo que se trate de situações profissionais”. Obs: a esta altura onde EB passou a tomar consciência plena das razões do seu processo, observei-o como que evoluindo em atitudes, posturas e encaminhamentos de tomadas de decisões firmes, revelando rapidez surpreendente para superações de suas dúvidas, medos e inseguranças. Continuemos acompanhando as ilustrativas narrações de EB. “Aquela autorização para usar uma arma, eu não daria para mim porque ainda não tenho segurança total do meu estado emocional. Vivo procurando minhas áreas de conforto”.
Obs: Um fator de altíssima contribuição para o soerguimento de EB é ele nunca ter se sentido culpado.
No segundo atendimento levei EB a uma expansão aos seus níveis de consciência além dos limites das censuras cerebrais sob o controle do EGO. Nesse estado de percepções profundas, revelou sem impactos maiores que tinha se instalado nele, pelo pai, toda uma cortina de ferro que o levou a fortíssimas sujeições até hoje. Revelou que foi perdendo todo o poder de decisão nos diversos campos de sua vida cotidiana. Após uma rápida expansão mental voltou lucidamente a um raciocínio evolutivo de determinações efetivas; assim foi ele mesmo traçando os caminhos para suas superações. Mesmo demonstrando muito medo das reações do pai, foi repetindo o que deveria fazer. No término deste segundo atendimento saiu demonstrando grandes aliviações.
Nos atendimentos seguintes passou a demonstrar gradativo encorajamento em suas relações com o pai. Deteve-se muito naquilo que desejava para si. EB segue em efetiva evolução. Contou-me como sentiu-se pleno e livre na festa dos 60 anos do pai. Usou da palavra na ocasião tecendo congraçamentos felizes.
Deste ponto em diante passamos a pesquisar outros grandes medos de EB citados anteriormente, como: forte medo de morrer e medo de altura. Levei-o a uma nova expansão mental. Viu-se na idade de 10 anos brincando de bicicleta na cobertura de um prédio. Sofreu tremendo susto ao ser impulsionado quase caindo de uma altura com mais de 10 andares. EB revelou grande surpresa nessas impactantes solturas de emoções. Concluímos juntos que o seu grande medo de morrer e de altura tem origem neste dramático episódio, que estava reprimido em seu inconsciente, determinando-lhe atitudes perturbadoras em sua vida, que o levavam a grandes limitações e sofrimentos.
Este caso enquadra-se em vivência de vida atual e encaminha-se para sua finalização.
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