Faz-se oportuno deixar claro a ausência de qualquer sentido de superação por parte das psicoterapias de base transpessoal frente às psicoterapias convencionais.
O sentido que trazem a mais é a possibilidade de ampliação e aprofundamento no processo diagnóstico curativo, sendo assim a questão é apenas de complementaridade com base nos novos paradigmas da física moderna. A visão holística considera o ser humano fazendo parte do sistema energético universal numa dimensão contínua.
A visão transpessoal considera esse sistema energético seguindo em frente na forma de ondas para além do seu funcionamento limitado às vibrações cerebrais.
Em seu funcionamento como ondas a energia mental obtém alcances ilimitados ultrapassando o tempo linear cronológico. Nestas dimensões tratamentos psicoterapêuticos continuam podendo complementar e ou serem complementados por tratamentos médicos. Lembrar também que, durante atendimento clínico em estado transpessoal a pessoa acompanha conscientemente os afloramentos de suas percepções, tanto as extrafísicas atemporais, como as cronológicas temporais. Desta forma as terapias convencionais podem tranquilamente utilizar as dimensões transpessoais como uma continuidade natural de suas ações.
Passemos a oferecer embasamentos oportunos a essas nossas considerações complementares.
Tomemos informações de Fritjof Capra em seu livro “Sabedoria Incomum” onde esse expoente ocidental da física quântica, que dispensa apresentações, relata seus contatos com autoridades científicas no período em que se preparava para a elaboração de suas duas obras básicas mundialmente conhecidas, quais sejam: “O Tal da Física” e “Ponto de Mutação”.
“Stanislav Grof e R. D. Laning:
Quando decidi escrever um livro sobre as limitações da visão de mundo mecanicista e o surgimento de um novo paradigma em diversos campos do saber, ficou bem claro para mim que eu não poderia empreender tal tarefa sozinho. Teria sido impossível apreciar a volumosa literatura de uma única outra disciplina que não a minha a fim de descobrir onde as principais mudanças estavam ocorrendo e onde começavam a surgir novas idéias significativas - quanto mais tentar isso em varias delas. Por tanto, desde o início concedi minha tarefa como resultado de algum tipo de esforço conjunto. Decide concentrar-me em quatro disciplinas – biologia, medicina, psicologia e economia – e, no inicio de 1977, comecei a procurar pessoas que pudessem me assessorar nesses campos. Quando comecei a procurar conselheiros, não empreendi uma busca sistemática, ou qualquer coisa do gênero. Em vez disso, concebi a tarefa como parte de minha pratica taoista. Eu sabia que tudo que tinha a fazer era permanecer alerta e dedicado ao meu propósito, e mais cedo ou mais tarde as pessoas certas cruzariam o meu caminho. Sabia quem eu estava procurando: indivíduos com um conhecimento sólido e abrangente de suas áreas de especialização; que fossem pensadores profundos que partilhassem de minha visão holística; que tivessem feito contribuições significativas em suas áreas de estudo, mais que houvesse rompido os limites estreitos das disciplinas acadêmicas; pessoas que, como eu, fossem rebeldes e inovadoras. Foram anos ricos ao extremo em aventuras intelectuais, anos em que meu conhecimento se expandiu perceptivelmente. O que se ampliou de maneira mais nítida foi talvez meu entendimento de psicologia, disciplina sobre a qual eu sabia pouquíssimo e que se transformou num fascinante campo de aprendizagem, experiência e crescimento pessoal. Durante os anos 60 e início dos 70 eu me envolvera em prolongadas explorações dos múltiplos níveis de consciência; porem, essas explorações tiveram lugar no âmbito das tradições espirituais do oriente. Eu aprendera com Alan Watts que essas tradições, sobretudo o budismo, podiam ser consideradas como o equivalente oriental da psicoterapia ocidental, e foi essa a visão que expressei em o “O Tal da Física”. No entanto, eu afirmara isto sem conhecer de fato a psicoterapia. Havia lido apenas um ensaio de Freud e talvez dois ou três de Jung, a quem eu apreciava por ser alguém em quase perfeito acordo com os valores da contracultura. ”(...)”Dessa forma, meus conhecimentos de psicologia foram aumentando e se aprofundando aos poucos com o passar dos anos. Entretanto, essas discussões foram apenas um prelúdio ao meu intercambio com dois homens extraordinários que me instigariam intelectualmente, forçando meu pensamento ate seus limites; dois homens a quem devo a maior parte da compreensão que tenho dos múltiplos domínios da consciência humana – Stanislav Grof e R. D. Laning. ” (...) ”Boa parte da condição existente na psicoterapia contemporânea, concluiu Grof, provem do fato de cada pesquisador ter concentrado a atenção basicamente num determinado nível do inconsciente e depois ter tentado generalizar as próprias descobertas para a mente humana em sua totalidade. Muitas das controvérsias entre as diferentes escolas podem ser conciliadas graças a essa simples constatação. Todos os sistemas envolvidos talvez representem descrições mais ou menos precisas do aspecto ou do nível do inconsciente que estão tentando descrever. O que precisamos agora é de uma ‘Psicologia bootstrap’ que integre os diversos sistemas numa coleção de mapas capaz de cobrir toda a gama da consciência humana. ” (...) ”O ultimo grande domínio da cartografia do inconsciente de Grof é o das experiências transpessoais, que parecem ajudar a esclarecer a fundo a natureza e a relevância da dimensão espiritual da consciência. As experiências transpessoal envolvem uma expansão da consciência alem das fronteiras convencionais do organismo e, em conseqüência disso, uma ampliação do sentido de identidade. Podem envolver anda percepções do meio ambiente que transcendem os limites usuais da percepção sensorial e que muitas vezes se aproximam da experiência mística direta da realidade. Como o modo transpessoal da consciência em geral transcende o raciocínio lógico e a analise intelectual, é extremamente difícil se não impossível descrever-la em linguagem concreta. ” (...) “Na realidade, Grof constatou que a linguagem da mitologia, por ser muito menos restrita pela lógica e pelo senso comum via de regra parece mais apropriada para descrever as experiências no domínio transpessoal. Depois de explorar meticulosamente os domínios perinatal e transpessoal ele ficou convencido de que a teoria freudiana teria de ser consideravelmente expandida para acomodar os novos conceitos que ele elaborara. Essa conclusão conhecidiu com a sua mudança para os Estados Unidos, em 1967, onde encontrou um movimento bastante vital na psicologia norte americana conhecida como “Psicologia humanista” um movimento que já conseguira ampliar a disciplina para muito alem do âmbito freudiano. Sobre a liderança de Abraham Maslow, os psicólogos humanistas empenhavam-se em estudar indivíduos saudáveis como organismos integrais. Preocupavam-se sobre tudo com crescimento pessoal e a “auto-realização”, reconhecendo o potencial inerente em todos os seres humanos. Os psicólogos humanistas concentravam a atenção na experiência e não na análise intelectual. Dessa forma, foram desenvolvidas muitas novas psicoterapias e escolas de “trabalho corporal”, conhecidas coletivamente como o “movimento do potencial humano”. Embora a obra de Grof tenha sido recebida com entusiasmo pelo movimento do potencial humano ele logo descobriu que ate mesmo o âmbito da psicologia humanista era demasiado estreito e confinante. Assim em 1968 fundou, junto com Maslow e vários outros, a escola de psicologia transpessoal, preocupada especificamente em reconhecer, entender e consumar estados transpessoais de consciência.”
(...)
“A essa altura mencionei o tema básico de meu novo livro, começando pela idéia de que as ciências naturais, e também as ciências humanas e os estudos clássicos, tinham se moldado na física newtoniana, e que um número cada vez maior de cientistas estava então percebendo as limitações da visão de mundo mecanicista e newtoniana, afirmando que eles teriam de modificar radicalmente suas filosofias subjacentes se quisessem participar da transformação cultural contemporânea. Expus em particular os paralelos entre a física newtoniana e a psicanálise que eu discutira com Grof.”
Psicoterapeuta Paulo de Moraes Marques
Formação em terapia regressiva em vivências passadas pelo Instituto Brasileiro de Vivências Passadas de São Paulo, 1992.
Formação em psicologia pela Universidade Católica de Pernambuco, 1977.
Conselho Regional de Psicologia, CRP: 7472/02
Contato:
telefone (81)34638313
email: paulomarquestrvp@gmail.com
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